terça-feira, 20 de julho de 2010

DOSTOIÉVSKI E O TRÂNSITO DE FORTALEZA

Em férias guiando pelas ruas da capital cearense nesse mês de julho, coisa que raramente faço em períodos normais de trabalho, aparentemente do nada me veio à mente uma paráfrase – talvez a mais significativa e conhecida – da obra “Irmãos Karamázov” de Fiodor Dostoiévski onde o filho filósofo de Fiódor Karamázov de forma dissimulada afirma: “Deus está morto e se Ele está morto então tudo é permitido”. O homem não teria, então, contas a ajustar com sua imortalidade, não haveria mais recompensa ou punição posterior. Poderíamos, finalmente, viver essa vida plenamente como a única possível.
Deus é pai e, como tal, impõe regras, normas, condutas que precisariam ser seguidas e a desobediência ao que é determinado por Ele seria, certamente, punido de forma rigorosa e inquestionável. O pai, qualquer ele, é aquele que impõe a lei – divina ou humana – e que fiscaliza e pune de acordo com a transgressão do filho. A lembrança que veio “do nada” depois de meditar um pouco ficou cristalina: lembrei do Deus morto, mas pensava na omissão do Estado. O Estado enquanto criador de leis e fiscalizador/punidor está morto. O pai da sociedade está ausente, inoperante, desmoralizado e, assim tudo é permitido. Criar códigos modernos, leis avançadas e não fiscalizar não funciona. Se Deus está morto tudo é permitido: trafegar na contramão, estacionar onde é proibido, avançar o semáforo vermelho, usar o som do carro abusivamente, realizar conversões proibidas, causar acidentes mortais. Precisamos ressuscitar o pai, dá-lhe novamente o poder que lhe foi tirado ou do qual ele próprio abdicou, me refiro aqui ao “pai Estado”, mas também ao pai real, aquele que tem por missão inserir os pequenos na civilização, que possui uma dívida com as gerações passadas: transmitir a cultura e, no bojo desta, as leis que norteiam e mantêm a sociedade. A ética, a filosofia e a educação podem chegar a reger uma sociedade em que o pai morreu; mas ainda é cedo para a Anarquia.
Abraços. Professor Leonardo Nóbrega
OFICINA
"ERA UMA VEZ..."
Uma introdução à visão psicanalítica dos contos de fadas.


João e Maria prestes a serem devorados pela bruxa depois de terem sido abandonados pelos pais; Chapeuzinho Vermelho fazendo perguntas ao lobo vestido de vovó; Rapunzel trocada por comida e isolada em uma torre sem portas proibida de viver o seu amor; Branca de Neve exilada na casa dos anões fugindo da vaidade mortal da madrasta; João descendo o pé-de-feijão com o gigante bufando em seu pescoço...
Quem nunca sentiu um arrepio de medo ao ouvir essas histórias? Mas quem igualmente não respirou aliviado após o desfecho com a superação do sofrimento e o “foram felizes para sempre”?
Essa oficina foi pensada para todos aqueles que estão interessados em discutir a infância, trabalham ou pretendem trabalhar com crianças e que (con)vivem com elas. Objetivamos, nele, sublinhar a importância dos contos na constituição do sujeito humano, no desenvolvimento da sua personalidade, demonstrando como podem ser uma importante ferramenta para a resolução de conflitos em momentos singulares do crescimento.
Orientados pelos conceitos psicanalíticos vamos atravessar a floresta escura e tenebrosa; enfrentar a madrasta-bruxa; deliciar-nos com a casinha de doces e derrotar alguns gigantes e dragões. Também desencantaremos alguns príncipes e despertaremos algumas princesas e, ao final, claro, seremos felizes para sempre.


Facilitador: Professor Leonardo Nóbrega (psicanalista)
Público preferencial: Professoras e professores (Ed. Infantil e EF I)
Outras informações: Cel.: 8868 -1405
ljnobrega@uol.com.br